3 Neuromitos que ainda prevalecem nas escolas – Desmascarados!
Não é surpresa que muitos professores tenham interesse na neurociência e na psicologia, pois áreas como a memória, motivação, curiosidade, inteligência e determinação são de grande importância na educação.
Mas a neurociência e a psicologia são assuntos complexos e matizados que vêm com muitas advertências. Embora o progresso esteja sendo feito para entender o que ajuda e dificulta os alunos, ainda há uma desconexão entre a pesquisa em laboratórios e o que acontece em muitas escolas.
Muitos “neuromitos” são desenfreados em nossas salas de aula e as pessoas são muitas vezes seduzidas por explicações neurocientíficas, mesmo que estas não sejam precisas ou mesmo relevantes.
Nos últimos anos, a neurociência educacional tornou-se um assunto altamente controverso. Os professores e outros profissionais da educação estão interessados em adotar as descobertas da pesquisa do cérebro na sala de aula, mas, muitas vezes, seu entusiasmo é contraproducente. Alguns equívocos sobre o funcionamento do cérebro são abundantes entre professores; consequentemente, eles usam abordagens de aprendizado “baseadas em cérebro” pseudocientíficas que muitas vezes se revelam prejudiciais.
Pensa-se que dois modos distintos de raciocínio coexistem no cérebro: uma via rápida, que é automática e baseada na intuição, e uma maneira mais lenta baseada na lógica e que requer esforço e concentração. Esses processos duais competem uns com os outros durante o aprendizado de conceitos abstratos. As crianças pequenas vêm à escola com conhecimento “de fundo” aprendido através da experiência e com ideias intuitivas e ingênuas sobre como o mundo funciona. Eles mantêm essas ideias, mas aprendem gradualmente a inibi-las através do raciocínio, um processo que requer o trabalho das funções executivas – um conjunto de habilidades necessárias para o controle e a autorregulamentação de sua conduta. As funções executivas permitem você estabelecer, manter, supervisar, corrigir e realizar um plano de ação, e tudo isso que está ligado ao aumento da atividade no córtex pré-frontal.
Há um corpo substancial de trabalhos e pesquisas mostrando que o controle inibitório e funções executivas podem ser melhoradas pelo treinamento. Então, vamos aos neuromitos da sala de aula:
ESTILOS DE APRENDIZAGEM
O mito: os alunos são classificados como aprendentes visuais, auditivos ou cinestésicos. Este mito afirma que os alunos aprenderão mais se forem ensinados de forma a corresponder ao seu estilo preferido.
Como isso aconteceu: cada aluno é único e tem uma personalidade, experiência e genes diferentes. Os professores são frequentemente encorajados a se diferenciar para garantir que cada criança esteja fazendo tanto progresso quanto possível. Isso, combinado com o fato de que os alunos podem ter uma preferência pela forma como são ensinados, se transformou na crença de que, se você combinar seu estilo com suas preferências, isso levará a melhores notas.
O ensino de novas informações aos alunos que utilizam uma variedade de sentidos resulta em uma aprendizagem muito mais significativa. É claro que todos nós temos nossos estilos, mas o fato é que durante o processo de aprendizagem, várias áreas do seu cérebro são estimuladas. Na Escola PraticaMente você estimula vários sentidos ao mesmo tempo.
VOCÊ USA APENAS 10% DO SEU CÉREBRO
O mito: este mito afirma que as pessoas só usam 10% de seu cérebro. Em uma pesquisa do público em geral no Brasil , esse mito cerebral foi um dos mais prevalentes. Mas é completamente falso. Podemos examinar o cérebro com mais detalhes do que nunca.
As origens: muitas pessoas acreditam que Albert Einstein tenha sido o primeiro a dizer isso. Ele não o fez. Na verdade, ele não disse a maioria das coisas que a internet afirma que ele falou. Este mito é atraente, pois ressoa com o fato muito verdadeiro de que possamos melhorar habilidades e que nosso potencial é uma entidade desconhecida…
CÉREBRO DIREITO E CÉREBRO ESQUERDO
O mito: muitos professores acreditam que a diferença entre o hemisfério esquerdo e o hemisfério direito explica as diferenças individuais entre os alunos. Isso geralmente se traduz em pessoas que pensam que se você tem o lado esquerdo do cérebro mais desenvolvido, você é racional, objetivo ou se tem o lado direito mais trabalhado, você é mais intuitivo e criativo.
As origens: na década de 1960, pesquisas sobre pacientes com epilepsia descobriram que, quando a conexão entre os hemisférios direito e esquerdo estava quebrada, os dois lados atuaram individualmente e processaram as coisas de forma diferente. Isso levou à crença de que os dois hemisférios do nosso cérebro funcionavam de forma independente. Isso diz muito sobre o desejo de categorizar pessoas e comportamentos.
Os pesquisadores descobriram que nenhum dos hemisférios é o único responsável por um tipo de personalidade. É um mito particularmente prejudicial, pois pode levar os alunos a não se aventurar em certos assuntos, pois acreditam que não têm o “cérebro” para isso.
Por que os professores precisam de um olho crítico? Os campos da psicologia e da neurociência podem nos auxiliar nas práticas de sala de aula, ajudando os alunos com aulas mais direcionadas e atividades que estimulem o cérebro a pensar, e não, automatizar os processos. Mas é importante ver as reivindicações com um olhar crítico. Qual é a evidência por trás disso? Parece muito simples? Felizmente, à medida que esses mitos desaparecem, eles podem ser substituídos por sugestões práticas para ajudar melhor os alunos, que são apoiados por pesquisas credíveis. Pesquise, busque, certifique-se.
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Flávia Valadares – Neurocientista e Psicopedagoga da Escola PraticaMente