Beber café realmente melhora a memória?
O café é uma bebida incrivelmente saudável. Contém centenas de compostos bioativos que contribuem para poderosos benefícios para a saúde. Muitos desses compostos são antioxidantes, que combatem os danos causados pelos radicais livres em suas células.
Aqui estão os ingredientes ativos mais importantes do café:
- Cafeína: o principal ingrediente ativo do café, a cafeína estimula o sistema nervoso central. É a substância psicoativa mais comumente consumida no mundo.
- Ácidos clorogênicos: esses antioxidantes polifenólicos podem beneficiar algumas vias biológicas, como o metabolismo do açúcar no sangue e a pressão alta, ambos relacionados ao risco de declínio mental relacionado à idade.
O grão de café (café verde) possui uma grande variedade de minerais como potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca), sódio (Na), ferro (Fe), manganês (Mn), rubídio (Rb), zinco (Zn), cobre (Cu), estrôncio (Sr), cromo (Cr), vanádio (V), bário (Ba), níquel (Ni), cobalto (Co), chumbo (Pb), molibdênio (Mo), titânio (Ti) e cádmio (Cd); além disso, possui aminoácidos como alanina, arginina, asparagina, cisteína, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, serina, treonina, tirosina, valina e ainda, lipídeos como triglicerídeos.
No entanto, as quantidades dessas substâncias em uma xícara de café podem variar.
Como o café afeta o cérebro?
A cafeína afeta o sistema nervoso central de várias maneiras, entretanto, acredita-se que os efeitos provenham principalmente do modo como a cafeína interage com os receptores de adenosina.
A adenosina é um neurotransmissor no cérebro que promove o sono. Neurônios no cérebro têm receptores específicos aos quais a adenosina pode se ligar. Quando se liga a esses receptores, inibe a tendência dos neurônios de disparar. Isso retarda a atividade neural.
A adenosina normalmente se acumula durante o dia e, eventualmente, faz com que você fique sonolento quando é hora de ir dormir.
Cafeína e adenosina têm estrutura molecular semelhante. Então, quando a cafeína está presente no cérebro, ela compete com a adenosina para se ligar aos mesmos receptores.
No entanto, a cafeína não diminui o disparo de seus neurônios, como a adenosina. Em vez disso, evita que a adenosina diminua sua velocidade.
A cafeína promove a estimulação do sistema nervoso central, fazendo você se sentir alerta.
Como a cafeína pode impulsionar a função cerebral
Quando consumido com moderação, o café pode ser muito bom para o cérebro. No entanto, a moderação é fundamental. Quando consumida em excesso, a cafeína pode causar ansiedade, nervosismo, palpitações cardíacas e problemas de sono.
Algumas pessoas são sensíveis à cafeína, enquanto outras podem beber muitos copos por dia sem efeitos colaterais. Dito isto, algumas pessoas definitivamente precisam limitar sua ingestão de cafeína, incluindo crianças, adolescentes e mulheres grávidas.
Para as pessoas que toleram, o café pode proporcionar muitos benefícios impressionantes para o cérebro.
Estudos mostraram que a cafeína pode aumentar a função cerebral em curto prazo. Isto ocorre em grande parte porque ela bloqueia a ligação da adenosina aos seus receptores.
Mas a cafeína também estimula o sistema nervoso central promovendo a liberação de outros neurotransmissores, incluindo noradrenalina, dopamina e serotonina.
A cafeína pode melhorar vários aspectos da função cerebral, incluindo:
- humor;
- tempo de reação;
- vigilância;
- atenção;
- aprendizagem;
- função mental de um modo geral.
Café pode reduzir o risco de doença de Alzheimer e demência
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência em todo o mundo. Geralmente começa devagar, mas fica mais grave com o tempo.
Alzheimer provoca perda de memória, bem como problemas com o pensamento e comportamento. Atualmente não há cura conhecida. Curiosamente, fatores relacionados à dieta podem afetar seu risco de desenvolver a doença de Alzheimer e outras formas de demência.
Estudos observacionais associaram o consumo regular e moderado de café com um risco até 65% menor de contrair a doença de Alzheimer. No entanto, os efeitos protetores do café e cafeína não foram confirmados por ensaios clínicos randomizados.
Flávia Valadares – Neurocientista e Fundadora da Escola PraticaMente