Por que esquecemos das coisas?
O cérebro pode armazenar um vasto número de memórias, então por que não podemos encontrar essas memórias quando precisamos?
O cérebro é verdadeiramente uma maravilha. Uma biblioteca aparentemente interminável, cujas prateleiras abrigam nossas mais preciosas lembranças, assim como o conhecimento de nossa vida. Mas há um ponto que nos intriga: o cérebro pode ficar “cheio”?
A resposta é um retumbante não, pois os cérebros são mais sofisticados do que pensamos! Um estudo publicado no início de 2018 demonstra que, em vez de apenas se aglomerar, as informações antigas são por vezes retiradas do cérebro para que novas memórias sejam formadas.
O que os estudos nessa área demonstram é que lembrar e esquecer são dois lados da mesma moeda. De certo modo, esquecer é a maneira de o cérebro separar as memórias, de modo que as mais relevantes estejam prontas para serem recuperadas. O esquecimento normal pode até ser um mecanismo de segurança para garantir que nosso cérebro não fique muito cheio.
Todos os dias somos bombardeados por toneladas de novas informações. Para nos impedir de ficarmos sobrecarregados, o cérebro “edita” coisas percebidas como irrelevantes, redundantes ou entediantes. De fato, sem prática, mais de 50% das novas informações desaparecem com frequência de mentes saudáveis após uma hora.
É normal esquecer as coisas de vez em quando, e é ainda mais normal se tornar um pouco mais esquecido com a idade, mas quando se torna um fato preocupante?
A questão chave é se as mudanças cognitivas estão interferindo significativamente nas atividades diárias. Se isso está acontecendo, você deve consultar seu médico. Seus lapsos podem ter causas muito tratáveis. Estresse severo, depressão, deficiência de vitamina B12, sono insuficiente, alguns medicamentos prescritos e infecções podem desempenhar um papel relevante quando o assunto é memória.
Mesmo que esses fatores não se apliquem a você, sua memória não está completamente à mercê do tempo. Estudos mostram que pessoas que exercitam o cérebro, mantêm-se mentalmente ativas, socializam regularmente e fazem uma dieta saudável podem minimizar sobremaneira a perda de memória.
Flávia Valadares – Neurocientista e Psicopedagoga da Escola PraticaMente